Depois de tentar na marra
"pegar as chaves" da Cinemateca em São Paulo, e de ter o pedido
recusado pela Fundação Roquette Pinto, por meio de ofício, o governo federal
não desistiu e segue com suas manobras para tentar controlar o órgão. A
fundação (conhecida como Acerp) é responsável pela curadoria e manutenção da
Cinemateca, que abriga o maior acervo de audiovisual e cinema da América do
Sul. Nos últimos dias, Mário Frias e Marcelo Álvaro Antônio, secretário de
Cultura e ministro do Turismo, respectivamente, iniciaram uma nova tática. Os
dois passaram a defender não só tirar a Cinemateca de São Paulo e mudá-la para
Brasília, como também que o governo deve tomar as rédeas e passar a ser
responsável pela entidade. Segundo a lei, não vai ser no grito e nem na
canetada que vão vencer. Se os dois tivessem ao menos o trabalho de consultar a
Advocacia Geral da União, já saberiam que seus planos ardilosos — mudar a sede
ou ocupar a Cinemateca com apaniguados— são ilegais. Se por acaso Frias e
Antônio insistirem no plano de mudança e controle, uma chuva de ações judiciais
pode cair sobre suas cabeças. Afinal, o importante na Cinemateca é a memória
cultural e visual do brasileiro, e não partidos e correntes políticas, sejam
quais forem.